Dra. Ludmilla Cardoso Gomes: médica Dermatologista RQE 70049, titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia, Complementação Especializada em Cosmiatria e Laser pela FM USP.
O mento (região do queixo) é um componente essencial na percepção de uma face harmonizada e seu formato tem sido relacionado ao rosto mais atraente e mais jovem, embora existam diferenças geográficas e de gênero que influenciam sua morfologia. A partir da terceira década de vida, ocorre uma redução da matriz nanocristalina, bem como diminuição do número de osteócitos em toda a face e, com isso, percebem-se no terço inferior: retração do mento, formação de um ângulo mandibular obtuso e aumento do “prejowl”, que corresponde à região entre o sulco labiomentoniano (“sinal da marionete”) e a borda anterior do músculo masseter. Além da reabsorção óssea que acontece com o envelhecimento da face, alguns indivíduos apresentam retrusão mandibular (retrognatia).
A figura 1 mostra a linha de Gonzalez-Ulloa, traçada verticalmente a partir da região nasal e perpendicular ao plano de Frankfurt. Um queixo ideal deve aproximar-se dessa linha e não se projetar além dela. Analisando-se a altura do queixo, a distância da região infranasal até o vermelhão do lábio superior deve medir, idealmente, um terço da distância entre a região infranasal e a borda inferior do mento (Fig. 2). Vale ressaltar que essas proporções idealizadas devem ser usadas apenas como um guia, pois o sexo, a etnia e a anatomia facial do paciente podem influenciar o planejamento do tratamento estético.
A aplicação do ácido hialurônico no mento é um método não cirúrgico, temporário e tem se mostrado como uma técnica segura e efetiva para corrigir quadros leves a moderados de retrusão (até 4 mm) e reabsorção mandibulares. Por outro lado, em casos de retrognatismo mais significativo (maior que 10 mm), deve-se considerar a intervenção cirúrgica como opção terapêutica. A Sociedade Americana de Cirurgia Plástica registrou, em 2016, uma redução no tratamento cirúrgico do queixo (mentoplastia) de 4% e 38%, comparando-se com os anos de 2015 e 2000, respectivamente. Técnicas menos invasivas, mais rápidas e mais confortáveis para o paciente podem justificar a substituição da escolha da cirurgia pela remodelação da face com uso de preenchedores de ácido hialurônico, que permite a correção de alterações anterior, vertical e transversa do queixo, bem como o tratamento de estruturas adjacentes, como os lábios, sulco “prejowl” e “sinal da marionete”. As figuras 3 e 4 ilustram os resultados do tratamento não cirúrgico da região mentoniana de duas pacientes com uso de ácido hialurônico.
Embora o preenchimento facial seja uma técnica segura, é essencial o conhecimento minucioso da anatomia regional da face para selecionar apropriadamente os pacientes. Por isso, é fundamental que o médico dermatologista ou cirurgião plástico seja consultado para avaliar e indicar o melhor procedimento para tratar o queixo, além de evitar ou tratar possíveis complicações do uso de injetáveis, como edema, formação de hematomas, nódulos tardios, granuloma e infecção.
Referências:
- Vanaman Wilson MJ, Jones IT, Butterwick K, Fabi SG. Role of Nonsurgical Chin Augmentation in Full Face Rejuvenation: A Review and Our Experience. Dermatol Surg. 2018 Jul;44(7):985-993.
- Braz AV, Sakuma TH. Atlas de anatomia e preenchimento global da face. 1a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
Áreas: Face